segunda-feira, 14 de abril de 2014

Reboque em Bote de Resgate




CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE BRAZ DE AGUIAR
PROGRAMA DE ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO
CURSO DE ADAPTAÇÃO A SEGUNDO OFICIAL DE NÁUTICA



MAYARA DO NASCIMENTO DAUDT
RAFAEL THOMPSON DE OLIVEIRA LEMOS
TALITA SOFIA SILVA CUNHA
THAÍS LIRA TAVARES DOS SANTOS
VINÍCIUS ANTÔNIO DE PAULA VALENTE




REBOQUE COM UMA EMBARCAÇÃO RÁPIDA DE SALVAMENTO










BELÉM-PA
2014
MAYARA DO NASCIMENTO DAUDT
RAFAEL THOMPSON DE OLIVEIRA LEMOS
TALITA SOFIA SILVA CUNHA
THAÍS LIRA TAVARES DOS SANTOS
VINÍCIUS ANTÔNIO DE PAULA VALENTE




REBOQUE COM UMA EMBARCAÇÃO RÁPIDA DE SALVAMENTO





Trabalho apresentado como teste de avaliação de aprendizagem para obtenção de nota na disciplina Proficiência em Embarcações Rápidas de Resgate (PES 71) do Curso de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica da Marinha Mercante do Brasil.

Professor: 1ON Paulo César






BELÉM-PA
2014

AGRADECIMENTOS


            Agradecemos ao Prof. 1ON Paulo César pelos ensinamentos passados em sala de aula ao ministrar a disciplina Proficiência em Embarcação Rápida de Resgate (PES 71), os quais contribuíram bastante para nosso aprendizado e formação futura como 2º Oficiais de Náutica da Marinha Mercante do Brasil.
























Conteúdo









1 INTRODUÇÃO


            Este trabalho tem como objetivo introduzir o tema “Reboque”, enfatizando a importância dos procedimentos de reboque utilizando uma Embarcação Rápida de Resgate (Fast Rescue Boat) realizados durante uma situação de emergência. Também visa apresentar o objetivo do trabalho, a metodologia utilizada em seu desenvolvimento e como o mesmo foi organizado. Uma discussão mais aprofundada sobre o tema é apresentada no Capítulo 2.

2. CONCEITO DE REBOCADOR E REBOCADO


2.1 Rebocador – Fast Rescue Boat

São embarcações de salvamento com características delineadas de forma a fornecer pouca resistência na água, possuindo manobrabilidade e mobilidade suficiente em mar agitado, também permite o resgate de pessoas em perigo e reboque de embarcações de sobrevivência. Geralmente suas obras vivas são afiladas, quilha alongada (cascos semelhantes aos veleiros), boa estabilidade e suportam condições adversas de tempo.
O FRB possui lifting strakes que são linhas em alto relevo, de proa a popa paralelas à quilha e, segundo o Código Internacional de Equipamentos Salva-vidas (LSA Code), as embarcações de salvamento deverão ter um comprimento não inferior a 3,8 m e não superior a 8,5 m.

2.2 Rebocado

Qualquer objeto flutuante que necessite ser deslocado, podendo ter muitas variações, como:
·         balsas salva-vidas;
·         embarcações de sobrevivência;
·         sobreviventes e pessoas na água.

3. PLANEJAMENTO DO REBOQUE


Para o sucesso de uma operação de reboque é necessário basicamente: um prévio e adequado planejamento; uma correta avaliação dos aspectos inerentes à segurança da operação e um levantamento de dados para orientar e permitir que a viagem seja rápida e segura.

4. PROCEDIMENTOS DE REBOQUE


As pessoas responsáveis pela execução da faina deverão previamente se reunir para definir o perfil da embarcação. Nesta reunião define-se:
·         Derrota de navegação;
·         Início do reboque, em conformidade com condições meteorológicas da região e as possíveis alterações;
·         Provisões (água, combustível e sobressalentes);
·         Equipe (pessoal qualificado e experiente);
·         Manter comunicação com a embarcação a ser rebocada, se possível;

5. ANÁLISE DE CONDIÇÕES GERAIS DO REBOCADO

5.1 Escolha da derrota

Ao falar sobre a escolha da derrota pode-se destacar que o Comandante do navio rebocador deve escolher uma derrota que não ofereça perigos ao trem de reboque, considerando, entre outros aspectos, os calados de ambos os navios, os perigos à navegação, as profundidades (baixas profundidades poderão fazer com que o dispositivo toque ou mesmo fique preso ao relevo do fundo) e a situação meteorológica e de mar (navegar à capa poderá ocasionar esforços excessivos ao dispositivo de reboque), períodos diurnos e noturnos etc. Isto significa que nem sempre o caminho mais curto será o escolhido.
A responsabilidade da determinação da derrota a ser executada é do Comte. do rebocador, entretanto, é de suma importância a participação dos responsáveis da unidade rebocada, para que sugiram derrotas favoráveis a sua unidade tanto no aspecto econômico quanto no aspecto de segurança.

 

5.2 Inspeção e montagem dos dispositivos de reboque

Responsabilidade do responsável pela condução do reboque, geralmente um Oficial-de-Náutica, em conjunto com os Marinheiros.

6. FAINA DE APROXIMAÇÃO


A manobra de aproximação de um rebocador ao rebocado é um dos fatores mais importantes em uma operação de reboque, exige extrema cautela e ações seguras.
Sempre que for possível deverão ser realizadas em águas abrigadas (faixa de água compreendida por mar, baías, canais, rios, lagoas e represas e toda faixa de água abrigada por proteção natural ou artificial, onde esteja ausente qualquer condição perigosa e/ou especial). Todos os materiais que serão utilizados nas fainas deverão estar disponíveis e prontos para serem utilizados.
Nas operações de Conexão/Desconexão os riscos de acidentes são elevados, considerando que o rebocador estará com sua capacidade de manobra restrita, devido a cabos na água e a cautela que a própria operação exige.

7. FATORES DE SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE REBOQUE

7.1 Condições Meteoromarinhas

            No momento de uma situação de salvamento no mar ou mesmo em situações de reboque com FRB, algumas condições meteorológicas e condições de mar devem ser levadas em consideração para o sucesso da operação.
http://www.boat-angling.co.uk/Hints_and_Tips/images/Towing.jpg
Figura 1 Embarcação rebocada por FRB.

Em condições rigorosas do clima podemos encontrar um cenário bastante desfavorável para a operação de reboque, situações com fortes rajadas de vento, mar grosso, visibilidade afetada por névoas, luminosidade reduzida ou mesmo ausente, o que torna muitas vezes impossível realizar a ação de reboque. Em casos como estes, os agentes de salvamento devem se manter informados sobre a situação do tempo na área do sinistro por meio dos boletins meteorológicos e informações meteoromarinhas, preparando-se assim com maior antecedência .
Figura 2 Informações obtidas da meteoromarinha - Marinha do Brasil.

O local da ação também deve ser levado em consideração, uma vez que  em alguns locais pode-se encontrar condições de ondas ou mares mais agitados, como por exemplo, em áreas de corredeiras de rios ou zonas de arrebentações. Nesses casos tanto o rebocador quanto o rebocado, devem estar prontos para operar em tais condições adversas.
Figura 3 Embarcação SAR em condições Rigorosas de mar e vento

7.2 Comunicação

Em uma situação de salvamento ou reboque de outra embarcação no mar, é de extrema importância para o bom andamento da operação que seja mantida uma comunicação constante entre rebocador e rebocado, isso fará com que ambas embarcações se preparem para a interação de maneira correta, trazendo assim uma maior chance de sucesso. Dados como:
  • posição (Latitude e Longitude);
  • Distância navegada, Distância à navegar;
  • Velocidade;
  • ETA;
  • Condições do tempo;
  • Informações sobre tripulantes e passageiros na embarcação a ser reboocadas (possiveis feridos e grau de ferimento) abordo do veículo rebocado,
  • Rumo da embarcação rebocada e do reboque

Este tipo de informação irá levar aos tripulantes que aguardam o salvamento uma maior segurança e um reforço psicológico de grande valor em um momento de desequilíbrio emocional, comum neste tipo de ocorrência.http://wysard.us/wordpress/wp-content/uploads/2009/09/Workboat_Returning_Towed-031.jpg
Figura 4 Operação  de reboque entre embarcações de salvamento

7.3 Velocidade

Em geral operações de reboque que envolvam um maior risco exigem velocidades mais brandas, mesmo que as embarcação propulsora tenha condições de imprimir mais velocidade. Porém a velocidade na qual as embarcações irão se deslocar durante uma operação de reboque irá se diferenciar de acordo com uma serie de variáveis, tais como:
·         Influência de correntes marítimas (contra ou a favor);
·         Formato do casco da embarcação ou objeto rebocado;
·         Condições do tempo na região (mar e vento);
·         Potencia da maquina da embarcação propulsora (Rebocador);
·         Direção do Vento;
·         Comprimento do cabo de Reboque.

6.4 Cabo de Reboque

O cabo de reboque utilizado por FRBs deve possuir uma resistência adequada para suportar os solavancos promovidos pelo mar no rebocado, no entanto este cabo não pode ser tão robusto e pesado como aquele usado por rebocadores de navios maiores. Considerando que as situações de reboque onde o rebocador é um FRB tem como rebocado embarcações pequenas como lanchas, pesqueiros e ainda botes e balsas salva-vidas, o melhor material a ser utilizado nesta faina é o cabo de naylon seda.
O cabo de naylon seda é um material leve quando comparado aos cabos de aço utilizado para rebocar grandes embarcações, porém ele possui uma resistência considerável, capaz de suportar os esforços envolvidos em reboques de embarcações pequenas (Fig. 1).
http://i00.i.aliimg.com/img/pb/359/177/295/295177359_811.jpg
Fig. 1: Cabos de reboque de naylon seda destacando diferentes tipos de trançado.

A determinação do tamanho do cabo de reboque vai depender de vários fatores, tais como:
  • Bom estado de todo o dispositivo de reboque: não pode ser colocado um cabo muito grande e robusto em um dispositivo que não esteja em sua condição ideal, podendo vir a danificar ainda mais o mesmo.
  • Força de Tração Estática (Bollard Pull): quanto maior for a força de tração envolvida na operação, devido ao tamanho da embarcação e da condição do mar, maior terá de ser o cabo de reboque.
  • Velocidade de Reboque: a velocidade também tem uma relação diretamente proporcional ao tamanho do cabo, pois grandes acelerações requerem uma maior resistência do cabo.
  • Catenária: o cabo não pode estar tesado a todo momento, e sim apresentar uma catenária (curvatura) para que o mesmo não seja forçado em demasia causando risco de sua ruptura.
Uma regra prática aplicada ao tamanho do cabo é a de que em reboques a longa distância devem ser usados cabos de maior grossura, a fim de apresentar uma curvatura adequada, constituindo um sistema elástico capaz de reduzir os efeitos de mar grosso (Fonseca, 2002).
Se o mar vem de proa ou de popa é aconselhável que o comprimento do cabo de reboque seja aproximadamente igual ao comprimento da onda, ou um múltiplo deste (Fonseca, 2002). Este comprimento deve permitir que os navios estejam em posições relativas semelhantes durante a passagem de duas ondas consecutivas, havendo assim uma sincronia do movimento entre ambos, evitando-se tensões excessivas no cabo (Fig. 2).

Fig. 2: Comprimento do cabo de reboque em situações de mar pela popa ou pela proa.

8. AÇÕES TOMADAS NA CENA DO REBOQUE

Além dos fatores já mencionados outras observações devem ser feitas na iminência de uma operação de reboque, mantendo a segurança da ação e a eficiência da mesma. Tais observações correspondem a:
- Observar o movimento da embarcação a ser rebocada no momento da chegada na cena de reboque. Devido ao estado do mar o rebocado pode apresentar movimentos perigosos como o balanço (movimento transversal) e o caturro (movimento longitudinal) (Fig. 3). Tais movimentos podem resultar no choque entre as embarcações ou até mesmo uma situação de homem ao mar, devido à queda de algum tripulante do rebocador ou de algum indivíduo do rebocado.
Fig 3: Movimentos de balanço (a) e caturro (b) ocasionados por mar grosso.

- Estimar os efeitos do vento e da corrente permitindo avaliar se o rebocado apresentará uma tendência de ganhar mais velocidade do que o rebocador (mar e/ou vento de popa); se este irá apresentar maior resistência ao reboque (mar e/ou vento de proa) ou se ele apresentará um afastamento em relação ao rumo do rebocador (mar e/ou vento de través) (Fig 4).

Fig 4: Operação de reboque com mar de proa (1), de popa (2) e de través (3).

-          Confirmar quantas pessoas estão a bordo da embarcação a ser rebocada, para que a ação e os equipamentos sejam planejados e organizados de acordo com a necessidade da operação.
-          Em casos onde as pessoas que estão a bordo da embarcação a ser rebocada não possuem um total conhecimento da forma de utilização dos equipamentos de reboque ou as mesmas se encontrem debilitadas devido à luta pela sobrevivência no mar, torna-se necessário o embarque de um tripulante do FRB no rebocado. Este tripulante irá auxiliar ou efetuar os procedimentos a bordo do rebocado e dar a assistência emergencial que algum indivíduo necessite.
-          O responsável pela operação de reboque a bordo do FRB deve julgar se as pessoas estão seguras a bordo do rebocado ou se elas devem ser deslocadas para o rebocador, considerando se o mesmo suportará estes passageiros e se isto não implicará em risco ao próprio FRB.
-          Verificar se a operação de reboque pode ser prontamente iniciada ou se o rebocado tem alguma necessidade que deve ser previamente suprida. No caso de uma embarcação apresentar grande quantidade de água a bordo, estar à deriva sem propulsão ou dispositivo para controle de sua velocidade ou até mesmo sem estar contando com um equipamento de rádio, primeiramente o rebocador deve tentar sanar esta emergência fornecendo bomba de esgotamento, drogue ou rádio manual para o rebocado, e somente após isto iniciar o reboque.

9. EXECUÇÃO DO REBOQUE


Geralmente quando se reboca algum tipo de veículo, tais como carros, caminhões e as embarcações, a maneira usual para executar essa tarefa é puxá-los de acordo com o seu sentido normal de locomoção, pois isso facilita o reboque e não prejudicar a integridade física do rebocado. No caso das embarcações, a embarcação rebocada é puxada pela sua proa através de um cabo amarrado seguramente na popa de quem a reboca (embarcação rebocadora), como pode ser visto na Fig. 1.

 










Figura 1. FRB rebocando um bote salva-vidas pela maneira mais usual (Popa do rebocador, popa do rebocado)

Numa faina de reboque é a embarcação que será rebocada que fornece o cabo de reboque, pois este cabo já foi produzido adequadamente para as características de navegabilidade da embarcação, mas pode acontecer de a embarcação rebocadora também fornecer um cabo de reboque, dependendo da situação.

Figura 2. FRB rebocando uma lancha de passeio.

Dependendo das condições de mar e vento, as quais podem dificultar a execução do reboque, para que haja a passagem do cabo de reboque do bote salva-vidas para o FRB, por exemplo, utiliza-se uma retinida com uma pinha amarrada na ponta, passa que nela seja amarrado o cabo de reboque e assim ser transferido para a embarcação rebocadora (FRB) de forma mais direcional, devido ao peso da pinha. A Fig. 3a mostra um exemplo de um lança retinidas e a Fig. 3b representa como seria uma pinha de retinida.
(a)                                                                      (b)
Figura 3. (a) Exemplo de um lançador de retinida, (b) pinha de retinida.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS


É de extrema importância que o tesamento do cabo de reboque seja evitado, pois o mesmo pode acarretar em efeitos indesejáveis na faina de reboque, tais como danos ao cabo de reboque, danos aos cabeços, a embarcação rebocada (embarcação salva-vidas) pode adquirir um movimento perigoso para a segurança dos que estão a bordo da mesma, etc. Um meio simples de se evitar isso é pendurar um objeto pesado no meio do cabo de modo a manter o seu seio mergulhado.
Ao se iniciar o reboque, a embarcação rebocadora (FRB) deve dar máquina adiante bem devagar até a embarcação rebocada começar adquirir velocidade. Caso isso não seja feito e o FRB arrancar com toda sua velocidade, isso pode causar avarias nos componentes do reboque e a embarcação rebocadora pode adernar, perder estabilidade, etc, já que botes-salva vidas e balsas infláveis, principalmente, não tem características que permitem com que elas naveguem em alta velocidade, por isso a velocidade de cruzeiro do FRB não deve ser superior a 6 nós. 
A Fig. 4 mostra uma simulação do caso de o FRB arrancar com toda velocidade e provocar tesamento exagerado do cabo, fazendo com que uma balsa inflável rebocada corra o risco tanto de bater contra o FRB quanto de adernar. Tal simulação foi feita através do software Ship Simultador 2008.
                                                                  (a)                                                                 (b)
                                                                  (c)                                                                 (d)

Figura 4. (a) Cabo de reboque com catenárias, (b) cabo de reboque começando a tesar, (c) FRB adquirindo alta velocidade, (d) cabo de reboque se danificando.

Para evitar que a embarcação rebocada (embarcação salva-vidas) venha a se chocar ou ultrapassar a embarcação rebocadora (FRB), um solução é a embarcação rebocada lançar ao mar uma âncora flutuante por sua popa. A Fig. 5 ilustra o modelo de uma âncora flutuante.

Figura 5. Exemplo de uma âncora flutuante.
11. REFERÊNCIAS
Fonseca, M. M. 2002. Arte Naval. 6 Ed. Volume II. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha.
Disponível em: http://www.norsafe.com/Products/Rescue/. Acessado em 16 de março de 2014.


Nenhum comentário:

Postar um comentário