CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE BRAZ
DE AGUIAR
PROGRAMA DE ENSINO PROFISSIONAL
MARÍTIMO
CURSO DE ADAPTAÇÃO A SEGUNDO
OFICIAL DE NÁUTICA
MAYARA DO NASCIMENTO DAUDT
RAFAEL THOMPSON DE OLIVEIRA LEMOS
TALITA SOFIA SILVA CUNHA
THAÍS
LIRA TAVARES DOS SANTOS
VINÍCIUS
ANTÔNIO DE PAULA VALENTE
REBOQUE COM UMA EMBARCAÇÃO RÁPIDA
DE SALVAMENTO
BELÉM-PA
2014
MAYARA DO NASCIMENTO DAUDT
RAFAEL THOMPSON DE OLIVEIRA LEMOS
TALITA SOFIA SILVA CUNHA
THAÍS
LIRA TAVARES DOS SANTOS
VINÍCIUS
ANTÔNIO DE PAULA VALENTE
Trabalho
apresentado como teste de avaliação de aprendizagem para obtenção de nota na
disciplina Proficiência em Embarcações Rápidas de Resgate (PES 71) do Curso de
Adaptação a Segundo Oficial de Náutica da Marinha Mercante do Brasil.
Professor: 1ON
Paulo César
BELÉM-PA
2014
AGRADECIMENTOS
Agradecemos
ao Prof. 1ON Paulo César pelos ensinamentos passados em sala de aula ao
ministrar a disciplina Proficiência em Embarcação Rápida de Resgate (PES 71),
os quais contribuíram bastante para nosso aprendizado e formação futura como 2º
Oficiais de Náutica da Marinha Mercante do Brasil.
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo
introduzir o tema “Reboque”, enfatizando a importância dos procedimentos de
reboque utilizando uma Embarcação Rápida de Resgate (Fast Rescue Boat) realizados durante uma situação de emergência.
Também visa apresentar o objetivo do trabalho, a metodologia utilizada em seu
desenvolvimento e como o mesmo foi organizado. Uma discussão mais aprofundada
sobre o tema é apresentada no Capítulo 2.
2. CONCEITO DE REBOCADOR E REBOCADO
2.1
Rebocador – Fast Rescue Boat
São embarcações de
salvamento com características delineadas de forma a fornecer pouca resistência
na água, possuindo manobrabilidade e mobilidade suficiente em mar agitado,
também permite o resgate de pessoas em perigo e reboque de embarcações de
sobrevivência. Geralmente suas obras
vivas são afiladas, quilha alongada (cascos semelhantes aos veleiros), boa
estabilidade e suportam condições adversas de tempo.
O FRB possui lifting strakes
que são linhas em alto relevo, de proa a popa paralelas à quilha e, segundo o
Código Internacional de Equipamentos Salva-vidas (LSA Code), as embarcações de
salvamento deverão ter um comprimento não inferior a 3,8 m e não superior a 8,5
m.
2.2
Rebocado
Qualquer objeto flutuante que necessite ser deslocado, podendo ter muitas
variações, como:
·
balsas
salva-vidas;
·
embarcações de
sobrevivência;
·
sobreviventes
e pessoas na água.
3. PLANEJAMENTO DO REBOQUE
Para o sucesso de uma
operação de reboque é necessário basicamente: um prévio e adequado
planejamento; uma correta avaliação dos aspectos inerentes à segurança da
operação e um levantamento de dados para orientar e permitir que a viagem seja
rápida e segura.
4. PROCEDIMENTOS DE REBOQUE
As pessoas responsáveis
pela execução da faina deverão previamente se reunir para definir o perfil da
embarcação. Nesta reunião define-se:
·
Derrota de navegação;
·
Início do reboque, em conformidade com
condições meteorológicas da região e as possíveis alterações;
·
Provisões (água, combustível e
sobressalentes);
·
Equipe (pessoal qualificado e
experiente);
·
Manter comunicação com a embarcação a
ser rebocada, se possível;
5.
ANÁLISE DE CONDIÇÕES GERAIS DO REBOCADO
5.1
Escolha da derrota
Ao falar sobre a
escolha da derrota pode-se destacar que o Comandante do navio rebocador deve
escolher uma derrota que não ofereça perigos ao trem de reboque, considerando,
entre outros aspectos, os calados de ambos os navios, os perigos à navegação,
as profundidades (baixas profundidades poderão fazer com que o dispositivo
toque ou mesmo fique preso ao relevo do fundo) e a situação meteorológica e de
mar (navegar à capa poderá ocasionar esforços excessivos ao dispositivo de
reboque), períodos diurnos e noturnos etc. Isto significa que nem sempre o
caminho mais curto será o escolhido.
A responsabilidade da
determinação da derrota a ser executada é do Comte. do rebocador, entretanto, é
de suma importância a participação dos responsáveis da unidade rebocada, para
que sugiram derrotas favoráveis a sua unidade tanto no aspecto econômico quanto
no aspecto de segurança.
5.2
Inspeção e montagem dos dispositivos de reboque
Responsabilidade do responsável pela condução do
reboque, geralmente um Oficial-de-Náutica, em conjunto com os Marinheiros.
6.
FAINA DE APROXIMAÇÃO
A manobra de aproximação de um rebocador ao rebocado é um dos fatores
mais importantes em uma operação de reboque, exige extrema cautela e ações
seguras.
Sempre que for possível deverão ser realizadas em águas abrigadas (faixa
de água compreendida por mar, baías, canais, rios, lagoas e represas e toda
faixa de água abrigada por proteção natural ou artificial, onde esteja ausente qualquer
condição perigosa e/ou especial). Todos os materiais que serão utilizados nas
fainas deverão estar disponíveis e prontos para serem utilizados.
Nas operações de Conexão/Desconexão os riscos de acidentes são elevados,
considerando que o rebocador estará com sua capacidade de manobra restrita,
devido a cabos na água e a cautela que a própria operação exige.
7. FATORES DE SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE REBOQUE
7.1 Condições Meteoromarinhas
No
momento de uma situação de salvamento no mar ou mesmo em situações de reboque
com FRB, algumas condições meteorológicas e condições de mar devem ser levadas
em consideração para o sucesso da operação.

Figura 1 Embarcação rebocada por FRB.
Em condições rigorosas
do clima podemos encontrar um cenário bastante desfavorável para a operação de
reboque, situações com fortes rajadas de vento, mar grosso, visibilidade
afetada por névoas, luminosidade reduzida ou mesmo ausente, o que torna muitas
vezes impossível realizar a ação de reboque. Em casos como estes, os agentes de
salvamento devem se manter informados sobre a situação do tempo na área do
sinistro por meio dos boletins meteorológicos e informações meteoromarinhas,
preparando-se assim com maior antecedência .

Figura 2 Informações obtidas da
meteoromarinha - Marinha do Brasil.
O local da ação também
deve ser levado em consideração, uma vez que
em alguns locais pode-se encontrar condições de ondas ou mares mais
agitados, como por exemplo, em áreas de corredeiras de rios ou zonas de
arrebentações. Nesses casos tanto o rebocador quanto o rebocado, devem estar
prontos para operar em tais condições adversas.

Figura 3 Embarcação SAR em condições
Rigorosas de mar e vento
7.2 Comunicação
Em uma situação de
salvamento ou reboque de outra embarcação no mar, é de extrema importância para
o bom andamento da operação que seja mantida uma comunicação constante entre
rebocador e rebocado, isso fará com que ambas embarcações se preparem para a
interação de maneira correta, trazendo assim uma maior chance de sucesso. Dados
como:
- posição
(Latitude e Longitude);
- Distância navegada,
Distância à navegar;
- Velocidade;
- ETA;
- Condições do tempo;
- Informações sobre
tripulantes e passageiros na embarcação a ser reboocadas (possiveis
feridos e grau de ferimento) abordo do veículo rebocado,
- Rumo da embarcação
rebocada e do reboque
Este
tipo de informação irá levar aos tripulantes que aguardam o salvamento uma
maior segurança e um reforço psicológico de grande valor em um momento de
desequilíbrio emocional, comum neste tipo de ocorrência.

Figura 4 Operação de reboque entre embarcações de salvamento
7.3 Velocidade
Em geral operações de
reboque que envolvam um maior risco exigem velocidades mais brandas, mesmo que
as embarcação propulsora tenha condições de imprimir mais velocidade. Porém a
velocidade na qual as embarcações irão se deslocar durante uma operação de
reboque irá se diferenciar de acordo com uma serie de variáveis, tais como:
·
Influência de correntes marítimas
(contra ou a favor);
·
Formato do casco da embarcação ou objeto
rebocado;
·
Condições do tempo na região (mar e
vento);
·
Potencia da maquina da embarcação
propulsora (Rebocador);
·
Direção do Vento;
·
Comprimento do cabo de Reboque.
6.4 Cabo de Reboque
O cabo de reboque
utilizado por FRBs deve possuir uma resistência adequada para suportar os
solavancos promovidos pelo mar no rebocado, no entanto este cabo não pode ser
tão robusto e pesado como aquele usado por rebocadores de navios maiores.
Considerando que as situações de reboque onde o rebocador é um FRB tem como
rebocado embarcações pequenas como lanchas, pesqueiros e ainda botes e balsas
salva-vidas, o melhor material a ser utilizado nesta faina é o cabo de naylon
seda.
O cabo de naylon seda é
um material leve quando comparado aos cabos de aço utilizado para rebocar
grandes embarcações, porém ele possui uma resistência considerável, capaz de
suportar os esforços envolvidos em reboques de embarcações pequenas (Fig. 1).

Fig. 1: Cabos de reboque de naylon
seda destacando diferentes tipos de trançado.
A determinação do
tamanho do cabo de reboque vai depender de vários fatores, tais como:
- Bom estado de todo o dispositivo de reboque: não
pode ser colocado um cabo muito grande e robusto em um dispositivo que não
esteja em sua condição ideal, podendo vir a danificar ainda mais o mesmo.
- Força de Tração Estática (Bollard Pull): quanto
maior for a força de tração envolvida na operação, devido ao tamanho da
embarcação e da condição do mar, maior terá de ser o cabo de reboque.
- Velocidade de Reboque: a velocidade também tem uma
relação diretamente proporcional ao tamanho do cabo, pois grandes
acelerações requerem uma maior resistência do cabo.
- Catenária: o cabo não pode estar tesado a todo
momento, e sim apresentar uma catenária (curvatura) para que o mesmo não
seja forçado em demasia causando risco de sua ruptura.
Uma regra prática aplicada ao tamanho do cabo é a de
que em reboques a longa distância devem ser usados cabos de maior grossura, a
fim de apresentar uma curvatura adequada, constituindo um
sistema elástico capaz de reduzir os efeitos de mar grosso (Fonseca, 2002).
Se o mar vem de proa ou
de popa é aconselhável que o comprimento do cabo de reboque
seja aproximadamente igual ao comprimento da onda, ou um múltiplo deste (Fonseca, 2002). Este comprimento
deve permitir que os navios estejam em posições relativas semelhantes durante a
passagem de duas ondas consecutivas, havendo assim uma sincronia do movimento
entre ambos, evitando-se tensões excessivas
no cabo (Fig. 2).

Fig.
2: Comprimento do cabo de reboque em situações de mar pela popa ou pela proa.
8. AÇÕES TOMADAS NA CENA DO REBOQUE
Além dos fatores já
mencionados outras observações devem ser feitas na iminência de uma operação de
reboque, mantendo a segurança da ação e a eficiência da mesma. Tais observações
correspondem a:
- Observar o movimento da embarcação a
ser rebocada no momento da chegada na cena de reboque. Devido ao estado do mar
o rebocado pode apresentar movimentos perigosos como o balanço (movimento
transversal) e o caturro (movimento longitudinal) (Fig. 3). Tais movimentos
podem resultar no choque entre as embarcações ou até mesmo uma situação de
homem ao mar, devido à queda de algum tripulante do rebocador ou de algum indivíduo
do rebocado.

Fig 3: Movimentos de balanço (a) e
caturro (b) ocasionados por mar grosso.
- Estimar os efeitos do vento e da
corrente permitindo avaliar se o rebocado apresentará uma tendência de ganhar
mais velocidade do que o rebocador (mar e/ou vento de popa); se este irá
apresentar maior resistência ao reboque (mar e/ou vento de proa) ou se ele
apresentará um afastamento em relação ao rumo do rebocador (mar e/ou vento de
través) (Fig 4).


Fig 4: Operação de reboque com mar
de proa (1), de popa (2) e de través (3).
-
Confirmar quantas pessoas estão a bordo
da embarcação a ser rebocada, para que a ação e os equipamentos sejam
planejados e organizados de acordo com a necessidade da operação.
-
Em casos onde as pessoas que estão a
bordo da embarcação a ser rebocada não possuem um total conhecimento da forma
de utilização dos equipamentos de reboque ou as mesmas se encontrem debilitadas
devido à luta pela sobrevivência no mar, torna-se necessário o embarque de um
tripulante do FRB no rebocado. Este tripulante irá auxiliar ou efetuar os
procedimentos a bordo do rebocado e dar a assistência emergencial que algum
indivíduo necessite.
-
O responsável pela operação de reboque a
bordo do FRB deve julgar se as pessoas estão seguras a bordo do rebocado ou se
elas devem ser deslocadas para o rebocador, considerando se o mesmo suportará
estes passageiros e se isto não implicará em risco ao próprio FRB.
-
Verificar se a operação de reboque pode
ser prontamente iniciada ou se o rebocado tem alguma necessidade que deve ser
previamente suprida. No caso de uma embarcação apresentar grande quantidade de
água a bordo, estar à deriva sem propulsão ou dispositivo para controle de sua
velocidade ou até mesmo sem estar contando com um equipamento de rádio,
primeiramente o rebocador deve tentar sanar esta emergência fornecendo bomba de
esgotamento, drogue ou rádio manual para o rebocado, e somente após isto
iniciar o reboque.
9. EXECUÇÃO DO REBOQUE
Geralmente quando se reboca algum tipo de veículo, tais como carros,
caminhões e as embarcações, a maneira usual para executar essa tarefa é
puxá-los de acordo com o seu sentido normal de locomoção, pois isso facilita o
reboque e não prejudicar a integridade física do rebocado. No caso das
embarcações, a embarcação rebocada é puxada pela sua proa através de um cabo
amarrado seguramente na popa de quem a reboca (embarcação rebocadora), como
pode ser visto na Fig. 1.

Figura 1. FRB rebocando um bote salva-vidas pela maneira mais usual (Popa
do rebocador, popa do rebocado)
Numa faina de reboque é a embarcação que será rebocada que fornece o cabo
de reboque, pois este cabo já foi produzido adequadamente para as
características de navegabilidade da embarcação, mas pode acontecer de a
embarcação rebocadora também fornecer um cabo de reboque, dependendo da
situação.

Figura 2. FRB rebocando uma lancha de passeio.
Dependendo das condições de mar e vento, as quais podem dificultar a
execução do reboque, para que haja a passagem do cabo de reboque do bote
salva-vidas para o FRB, por exemplo, utiliza-se uma retinida com uma pinha
amarrada na ponta, passa que nela seja amarrado o cabo de reboque e assim ser
transferido para a embarcação rebocadora (FRB) de forma mais direcional, devido
ao peso da pinha. A Fig. 3a mostra um exemplo de um lança retinidas e a Fig. 3b
representa como seria uma pinha de retinida.


(a)
(b)
Figura 3. (a)
Exemplo de um lançador de retinida, (b) pinha de retinida.
10.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de extrema importância
que o tesamento do cabo de reboque seja evitado, pois o mesmo pode acarretar em
efeitos indesejáveis na faina de reboque, tais como danos ao cabo de reboque,
danos aos cabeços, a embarcação rebocada (embarcação salva-vidas) pode adquirir
um movimento perigoso para a segurança dos que estão a bordo da mesma, etc. Um
meio simples de se evitar isso é pendurar um objeto pesado no meio do cabo de
modo a manter o seu seio mergulhado.
Ao se iniciar o reboque, a
embarcação rebocadora (FRB) deve dar máquina adiante bem devagar até a
embarcação rebocada começar adquirir velocidade. Caso isso não seja feito e o
FRB arrancar com toda sua velocidade, isso pode causar avarias nos componentes
do reboque e a embarcação rebocadora pode adernar, perder estabilidade, etc, já
que botes-salva vidas e balsas infláveis, principalmente, não tem
características que permitem com que elas naveguem em alta velocidade, por isso
a velocidade de cruzeiro do FRB não deve ser superior a 6 nós.
A Fig. 4 mostra uma simulação
do caso de o FRB arrancar com toda velocidade e provocar tesamento exagerado do
cabo, fazendo com que uma balsa inflável rebocada corra o risco tanto de bater
contra o FRB quanto de adernar. Tal simulação foi feita através do software Ship Simultador 2008.




Figura 4. (a)
Cabo de reboque com catenárias, (b) cabo de reboque começando a tesar, (c) FRB
adquirindo alta velocidade, (d) cabo de reboque se danificando.
Para evitar que a
embarcação rebocada (embarcação salva-vidas) venha a se chocar ou ultrapassar a
embarcação rebocadora (FRB), um solução é a embarcação rebocada lançar ao mar
uma âncora flutuante por sua popa. A Fig. 5 ilustra o modelo de uma âncora
flutuante.

Figura 5. Exemplo de
uma âncora flutuante.
11. REFERÊNCIAS
Fonseca, M. M. 2002. Arte Naval. 6 Ed. Volume II.
Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha.
Disponível em: http://www.norsafe.com/Products/Rescue/.
Acessado em 16 de março de 2014.
Disponível em: http://www.imo.org/Publications/Documents/.../ID982E.pdf.
http://www.norsafe.com/Products/Rescue/.
Acessado em 16 de março de 2014.
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